UM CONTRASTE ENTRE OS ALTOS IMPOSTOS E O POUCO RETORNO

Lourdes Sola, socióloga e cientista política da Universidade de São Paulo (USP), acredita que a grande adesão às manifestações do Movimento Passe Livre se deve, entre outros motivos, ao fato de suas lideranças se enxergarem como “representantes ocasionais”, porta-vozes como qualquer outra pessoa poderia ser, e pela tecnologia permitida pelas redes sociais. Mas embora o movimento tenha objetivos específicos e mobilizadores, por tarifas de um serviço público de interesse “universal”, há por trás algo mais amplo: o contraste entre os impostos pagos ao governo e o que o cidadão recebe, permitindo generalização de críticas para saúde, educação, recursos públicos para Copas etc.

Valor: Qual o significado que vê nos protestos do Movimento Passe Livre? Eles vão hoje além da reivindicação sobre a redução da tarifa?

Lourdes Sola: As razões pelas quais o movimento adquiriu essa escala, ou seja, as razões para a adesão a ele, são múltiplas e difusas, mas as reivindicações em si não. O que confere um caráter difuso e horizontal são dois aspectos: 1) é o fato de que seus participantes mais ativos não se identificam com uma liderança, nem tampouco seus representantes. Pois, pelo que vi no “Roda Viva” [programa da TV Cultura], veem-se como representantes ocasionais, talvez algo de porta-vozes: “Estamos aqui, outros poderiam estar”. Cá entre nós, uma reação madura, bem menos narcisista do que a maioria dos nossos políticos. 2) O segundo aspecto é a tecnologia da mobilização, via redes. Há um terceiro fator, em relação ao que há de específico quando comparado a outros movimentos aparentemente similares. É importante fazer uma outra distinção. Trata-se de um basta, ironicamente, “contra tudo o que está aí”, mas os objetivos inicialmente traçados foram deliberadamente específicos, claros e altamente mobilizadores: tarifas de um serviço público de interesse “universal”. Embora concorde que foi apenas o estopim, houve sim um cálculo politicamente correto, inteligente e maduro dos que o iniciaram que consiste em dois aspectos: dar foco ao movimento inicial; e canalizar para um tipo de serviço público que fala a todos os que usam a rua, seja pela via do transporte coletivo, o individual, ou o pedestre. E, claro, por trás disso há o contraste evidente entre os recursos canalizados para os governos pela via dos impostos e o que o cidadão recebe. Daí a generalizar a crítica para servicos de saúde, educação, saneamento e, especialmente, para o uso de recursos públicos para eventos populares como as Copas, é apenas um passo. Daí, também, à crítica à corrupção, aos arranjos “intra-muros” exclusivos à classe política e excludentes em relação à voz do cidadão, até aqui difusa. Temo que daí seja também um passo em direção à crítica ao tipo de crescimento baseado no consumo de carros, que afinal, convenhamos, é o sonho da indústria automobilística.

Valor: Qual relação entre este protesto com os demais que ocorrem no mundo, como na Turquia e a Primavera Árabe?

Lourdes: Acho engraçada a nossa vontade de produzir uma teoria universal para esses movimentos, a partir da forma e da escala da mobilização em rede. A primeira tarefa é saber o que há de específico a cada um dos casos. Claro, todos apontam para nova forma de fazer política, mas para começar a Turquia e a Primavera Árabe se distinguem entre si. A Turquia é um país democrático, com déficits de representação similares mas não idênticos ao nosso, e onde estão em jogo as vozes de um eleitorado ocidentalizado, comprometido com o Estado de direito e com uma tradição reformista e europeizante versus um outro setor da população cooptado por um líder que circunscreve democracia a democracia eleitoral. Como lembrou [Timothy] Garton Ash no “Estado de S. Paulo”, [Recep Tayyip ] Erdogan [primeiro-ministro turco] é um líder que recolhe tradição “sultânica”, entulho do império otomano. Por outro lado, a Primavera Árabe, a meu ver, introduziu o fim de uma era de democratizações, vigente nos 80-90, que foram as “revoluções de veludo”. Vale dizer, quando as democratizações se deram, [ocorreram] de forma comparativamente pacífica. Em todo caso, perto das duas formas de protesto, a nossa parece um “luxo”, pois se dá em um quadro democrático, com uma Constituição relativamente consolidada: em que pesem a arrogância inicial e pouco democrática dos governantes em ignorar aos primeiros movimentos de opinião, sem falar no comportamento policial. De qualquer forma, dado que a democracia é o regime que tem a superioridade de se autocorrigir – esse movimento é sem dúvida um clamor por corretivos -, estamos relativamente melhor, apesar de insatisfeitos.

Fonte: Valor Econômico

CONFIANÇA DO PEQUENO NEGÓCIO TEM SEGUNDA ALTA CONSECUTIVA

Otimismo foi puxado pelo bom faturamento de março, com destaque para as indústrias.

Os proprietários das micro e pequenas empresas recuperaram o otimismo com relação à expansão das atividades. Pelo segundo mês consecutivo, o Índice de Confiança dos Pequenos Negócios (ICPN), pesquisado mensalmente pelo Sebrae, apresentou crescimento, acumulando alta de 7,4% em relação a fevereiro. Em abril, o indicador atingiu o nível 116, o que representa elevação de 1,2% em compação ao mesmo período do ano passado. O aumento na confiança dos pequenos negócios foi assegurado pelo bom desempenho nas vendas das empresas no mês de março. Se comparado a janeiro, o faturamento de março apresentou crescimento de 17%.

“Fatores estruturais contribuíram com a recuperação no desempenho das empresas em março, o que elevou a confiança dos empresários, como a expansão do crédito e o aumento real da renda dos trabalhadores”, analisa o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. “O mês de março foi favorecido também pela desoneração nas folhas de pagamento, sem falar na redução da tarifa de energia, que beneficiou principalmente as indústrias de pequeno porte, setor que mais cresceu no período”, acrescenta.

Destaque no faturamento de março, a Indústria também alavancou o ICPN de abril, atingindo o nível 119. O indicador aponta que as empresas de pequeno porte e da região Norte são as mais confiantes no período. Elas registraram o índice de 124 e 125, respectivamente. “O setor industrial foi, certamente, o mais beneficiado pelas medidas de incentivo do governo. Como o mercado interno continua aquecido, as pequenas indústrias se recuperam com maior velocidade”, conclui Barretto.

Para calcular o ICPN, o Sebrae analisa o nível da atividade dos pequenos negócios no mês anterior e a expectativa para os meses seguintes. Até junho, 92% dos donos de micro e pequenas empresas aguardam faturamento maior ou estável. Nesse caso, os setores que têm melhores expectativas são de Comércio e Serviços, com 93% dos empreendedores otimistas quanto ao desempenho no próximo mês.

A análise da expectativa para junho mostra que 95% Microempreendedores Individuais, aqueles com até um funcionário e que faturam até R$ 60 mil por ano, preveem ampliar ou manter o faturamento no período. Regionalmente, os pequenos negócios do Norte e do Centro-Oeste são os mais otimistas. Até junho, 98% dos empresários nortistas aguardam vendas melhores ou estáveis. A mesma situação é esperada por 95% dos donos de micro e pequenas empresas do centro do país.

O Índice de Confiança dos Pequenos Negócios (ICPN) é medido em uma escala que varia de 0 a 200. Acima de 100, o indicador aponta tendência de expansão das atividades, enquanto abaixo desse valor direciona para possível retração. A pesquisa abrange amostra de 5,6 mil empreendimentos de todos os setores – Indústria, Comércio, Serviços e Construção Civil, entre microempreendedores individuais, microempresas (que faturam entre R$ 60 mil e R$ 360 mil por ano) e negócios de pequeno porte (com faturamento bruto anual entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões).

Fonte: Agência Sebrae

PESQUISA REVELA OTIMISMO DOS MICRO E PEQUENOS EMPRESÁRIOS BRASILEIROS

A pesquisa é mensal e há dois meses vem apresentando crescimento. Em abril, o índice chegou ao nível 116, dentro de uma escala que vai a 200.

Os proprietários de micro e pequenos empreendimentos estão confiantes no crescimento de suas atividades, conforme indica o Índice de Confiança dos Pequenos Negócios (ICPN), divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A pesquisa é mensal e há dois meses vem apresentando crescimento. Em abril, o índice chegou ao nível 116, dentro de uma escala que vai a 200, o que representa um aumento de 1,2% em relação ao mesmo período de 2012.

Os números se justificam. De acordo com o Sebrae, o faturamento obtido no mês de março foi 17% maior do que em janeiro. “Fatores estruturais contribuíram com a recuperação no desempenho das empresas em março, o que elevou a confiança dos empresários, como a expansão do crédito e o aumento real da renda dos trabalhadores”, explica o presidente da entidade, Luiz Barretto. “O mês de março foi favorecido também pela desoneração nas folhas de pagamento, sem falar na redução da tarifa de energia, que beneficiou principalmente as indústrias de pequeno porte, setor que mais cresceu no período”.

De acordo com o Sebrae, 92% dos proprietários de micro de pequenas empresas esperam por estabilidade ou crescimento nas atividades até junho. O setor de comércio e serviços é o mais otimista.

O cálculo do ICPN leva em consideração a atividade dos pequenos negócios no mês anterior, bem como a expectativa para os meses seguintes. A pesquisa é feita mensalmente com 5,6 mil microempresas e empresas de pequeno porte dos setores da indústria, do comércio, dos serviços e da construção civil.
Fonte: Correio Braziliense

EMPRESAS FAMILIARES CRESCEM EM MEIO A DESAFIOS

De todas as companhias registradas no Brasil, 90% são familiares. No entanto, de cada 100, apenas 30 sobrevivem à segunda geração, apontam dados do Sebrae

Separar a vida profissional das relações familiares já não é tarefa fácil, mas pode ser um desafio ainda maior quando as duas coisas andam juntas. De acordo com pesquisa do Sebrae, do universo de empresas brasileiras, 90% são compostas por integrantes de uma mesma família. Conforme o presidente do Sebrae/RS, Vitor Augusto Koch, o grande desafio é a sucessão, pois, conforme estatísticas, de cada 100 organizações no Brasil e no mundo, apenas 30 sobrevivem à segunda geração, 15 à terceira e quatro à quarta. De acordo com Koch, como em todo negócio, existem pontos positivos e negativos no que se refere a administrar uma organização familiar. Para ele, o ideal é buscar a competitividade para garantir vida longa no mercado.

A existência de um membro da família no exercício do controle e da gestão da companhia é requisito suficiente para considerar a empresa familiar. “Eu não conheço nenhum empresário que não tenha a clara intenção e a vontade de deixar a instituição para os seus sucessores, herdeiros”, afirma o líder da região Sul da PwC Brasil, Carlos Biedermann, especialista no assunto. Historicamente, o que ocorria e ainda acontece nos dias, explica Biedermann, é que o fundador, o patriarca, no desejo de manter o controle dos negócios na família, muitas vezes impõe ao filho que, sem a habilidade e vocação para assumir a presidência ou a diretoria, acabe assumindo apenas por obediência.

Muitas empresas tradicionais encontram dificuldade em fazer a transição, como, por exemplo, são os casos da Lojas Colombo e da Grendene. “A Colombo já tentou todos os modelos, e agora o patriarca está de volta à gestão”, exemplifica. Recentemente, a empresa calçadista gaúcha anunciou a mudança na sua diretoria. A Grendene, uma das maiores fabricantes de calçados do mundo, substituiu o presidente e o vice-presidente, Alexandre Grendene Bartelle e Pedro Grendene Bartelle, por profissionais que já atuavam na companhia havia mais de 30 anos. A posição adotada é uma alternativa muito aconselhada pelos especialistas, de buscar um profissional qualificado, de dentro da organização, para gerenciar os negócios. “É possível que não se tenha alguém na família, mas nada impede que o cargo passe para alguém de dentro da empresa”, explica Biedermann. O modelo ideal de gestão, que vem se mostrando tendência no mercado, segundo o consultor, é o misto.

De acordo com o executivo, um dos pontos mais positivos das empresas familiares é o que vem sendo demonstrado pelo mercado, de que elas têm valor muito maior do que as outras corporações, em termos de ações. Na realidade, ressalta, não existe nenhuma garantia de sucesso em qualquer modelo empresarial. Para Biedermann, uma das melhores alternativas tem sido a busca por um conselho administrativo ou consultivo, de forma mista, ou seja, composta por profissionais de fora e de dentro da instituição. “A organização que passa a adotar as boas práticas de governança corporativa tem grandes chances de sucesso”, acredita.

Profissionalização está entre as prioridades das companhias

A governança corporativa vem demonstrando um papel importante na profissionalização das organizações. Um dos fatores que fazem com que elas fechem as portas é a falta de um planejamento estratégico. O contador e professor convidado da Fundação Getulio Vargas (FGV) Volnei Ferreira de Castilhos explica que,”para crescer, correr riscos, é necessário um norte e saber aonde se quer chegar”. Essa clareza ajuda a definir a missão, a visão e os valores da companhia. “Quem planeja tem futuro quem não planeja tem destino”, observa o professor.

Segundo ele, a confusão com o dinheiro é outro problema que causa danos nas organizações. “A família precisa ter limites de retiradas compatíveis com o faturamento da empresa”, observa. Muitas empresas quebraram, explica, porque os familiares confundiam os faturamentos. “As margens de lucros estão cada vez menores, portanto é necessário gerenciar custos”, salienta.

A falta de investimento em pessoal, de acordo com Castilhos, é um dos maiores erros dos empresários. “Diariamente é necessário valorizar quem nos ajuda a gerar lucro”, enfatiza. O professor analisou algumas instituições familiares no Estado e verificou que existe o que ele chama de visão de antigo departamento de pessoal. Para ele, a inovação deve fazer parte da missão da empresa para se antecipar às necessidades do mercado. Além disso, acredita que faltou para essas empresas a gestão do capital de giro. “Ninguém sobrevive sem caixa. Não retirar todo o lucro para formar capital de giro é indispensável”, determina.

Sucessão deve ser planejada

Para que a “troca de cadeiras” de uma empresa familiar seja bem-sucedida, ela deve ser planejada desde cedo. A orientação é do presidente do Sebrae/RS, Vitor Augusto Koch. Segundo ele, os proprietários devem se dedicar na preparação dos herdeiros. “Não há legislação que regulamente esse tipo de sociedade, por isso é preciso se cercar de informações e assegurar uma gestão profissional que facilite o caminho da sucessão”, recomenda. A preparação para passar o cargo é, muitas vezes, de forma vivencial e indutiva, com base na experiência prática de convivência entre sucessor e sucedido, sem o estudo adequado do perfil do sucessor.

As dicas do executivo para conduzir os negócios sem traumas é considerar a função, e não o grau de parentesco. Além disso, alerta que é importante não confundir dinheiro da família com o da empresa e remunerar os familiares de forma adequada com a função e o mercado. No Brasil, de acordo com a entidade, as empresas que mais apontam problemas da sucessão são as pequenas e médias, pois devem promover simultaneamente a transição do capital e a do poder. Já as grandes estão mais bem preparadas e, muitas vezes, são lideradas por pessoas contratadas e possuem capital aberto, acessível no mercado financeiro. Dessa forma, atravessam essas transições de forma mais planejada..

Para evitar as tradicionais brigas de parentes, é fundamental que o fundador prepare pessoalmente o plano de sucessão, diz o consultor de gestão Domingos Ricca. “É preciso cuidar disso enquanto ele estiver vivo ou haverá desgastes”, ressalta. “É muito difícil transferir o carisma e a liderança do fundador, então os sucessores precisam ser preparados para isso”, alerta. Ele orienta que, por meio de um estatuto, devem ser estipuladas normas sob as quais membros podem trabalhar na empresa.

Para profissionalizar a gestão, é fundamental estipular o tipo de formação que os executivos da própria família precisam ter e, mesmo que herdeiros não queiram atuar na empresa, devem saber como funciona cada área e os problemas que a companhia tem.

Relação profissional fortifica laços

Formado há 12 anos, o contador Márcio Lavies Bonder se especializou na área da perícia contábil. Durante anos, ele trabalhou em um escritório da família, mas hoje abraçou a carreira ao lado do seu braço direito, o irmão mais novo, Otávio Bonder, que estudava Engenharia Mecatrônica, mas, por força do trabalho e por influência familiar, acabou mudando para Ciências Contábeis. Márcio, quando abriu o seu novo escritório, não teve dúvida de que o irmão seria a pessoa certa para trabalhar ao seu lado. Formaram sociedade e seguem juntos administrando a empresa e os serviços dos clientes. “Ele é meu sócio de fato, mas ainda não de direito, pois falta um ano e meio para se formar”, comenta.

Segundo os irmãos Bonder, o importante na relação familiar dentro da empresa é a confiança. Márcio, mais velho e mais experiente, passa o que sabe para o caçula. Em contrapartida, a visão ampla e a coragem de Otávio acabam contribuindo nas tomadas de decisões. “Acho importante mesclar os conhecimentos com as ideias inovadoras dos mais novos”, acrescenta Márcio. O pensamento homogêneo e a luta por uma causa única acabam trazendo bons resultados para o escritório. “Buscamos as mesmas coisas para a nossa vida profissional. Fazemos reuniões a cada 15 dias e avaliamos tudo profissionalmente”, diz. “Se não existir afinidade, não há como trabalhar junto”, acrescenta. Otávio, que já havia estagiado em uma empresa de engenharia, diz que sentiu a diferença ao ingressar com o irmão nessa jornada. “Ele me ouve, eu posso dar minha opinião nos trabalhos, e as coisas dão certo”, reforça Otávio.

Problemas existem em qualquer circunstância e em qualquer família. Para os irmãos, a receita é resolver de forma clara sem misturar os ambientes. Além disso, eles ressaltam que o trabalho junto melhorou a relação familiar.

Fonte: Diário do Comércio – RS

SENADO APROVA PROPOSTA PARA DESONERAR EMPRESA QUE PAGA ESTUDO DE EMPREGADO

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou no dia (8), em caráter terminativo, uma proposta que desonera empresas que custeiam o estudo de empregados no ensino regular e em cursos profissionalizantes e de pós-graduação. Atualmente, benefícios concedidos na área de educação são considerados pela Receita Federal parte do salário e constam na base de cálculo das contribuições sociais, como o percentual recolhido pelo empregador ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Na avaliação do senador Pedro Taques (PDT-MT), a regra atual desestimula a concessão de mais benefícios pelas empresas. “As parcelas ou benefícios, uma vez considerados salário, têm reflexos sobre as demais verbas trabalhistas”, disse. Além disso, são imediatamente consideradas na base de cálculo para incidência de tributos, com o levantamento do débito tributário e aplicação de multas, sem contar a possibilidade de o empregador responder por crime de sonegação e apropriação indébita”, completou Taques.

Para evitar fraudes, a proposta prevê que a desoneração seja limitada a gastos com educação até 30% do valor do salário. Como a aprovação ocorreu em caráter terminativo, a proposta segue direto para a Câmara sem necessidade de também ser votada no plenário do Senado.

Fonte: Agência Brasil

PLANEJAMENTO, A ALMA DO NEGÓCIO

A sócia da oficina Bidu Escapamentos, Carla Cristina Sudo Kai, de 31 anos, já se viu perdida na “linha do tempo” do caixa da empresa, já que 60% de suas vendas eram recebidas em um prazo mais longo do que aquele que ela tinha para pagar o fornecedor. “A maioria dos meus recebimentos estava programada para 30, 60 e 90 dias, ou seja, nós aceitávamos o pagamento em três prestações de qualquer cliente, independentemente do valor. E o fornecedor só me dava, no máximo, 45 dias para pagar pelas peças automotivas”, conta.

A situação que Carla viveu está longe de ser uma novidade entre os pequenos e médios empresários, principalmente os comerciantes. Em geral, há uma falta de conciliação do contas a pagar e do contas a receber porque muitos empreendedores não fazem o devido registro de ocorrências do dia a dia da empresa, seja do que gerou em vendas, ou de compras que realizou e serviços que contratou, segundo o consultor financeiro do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), Wagner Viana Pereira.

“É preciso manter um registro diário, por meio de fichas, planilhas ou software. Para isso, é preciso organização e disciplina. Ao fazer isso de forma sistemática, o empresário conseguirá ter uma projeção do que vai gerar de caixa nos meses seguintes e visualizar, com antecedência, os momentos em que pode sobrar ou faltar dinheiro no caixa”, explica.

Segundo Pereira, a vantagem disso é perceber com antecedência se vai faltar dinheiro para pagar um fornecedor e já ligar para renegociar prazos. “Isso onera menos a empresa do que pegar, na última hora, empréstimo e usar o cheque especial”, completa. A gestão do fluxo de caixa, complementa, é crucial para o crescimento da empresa.

Prazos – A falta de conciliação de prazos de recebimentos e de pagamentos não é uma característica de empresas que estão há pouco tempo no mercado. Com mais de 35 anos, a oficina de Carla começou a ter problemas com isto no final de dezembro de 2011, quando o movimento caiu e faltou dinheiro em caixa para pagar o décimo-terceiro dos funcionários. Carla, então, usou uma reserva financeira e antecipou recebíveis, depois de fazer uma pesquisa de taxas com bancos e credenciadoras. “Tivemos sorte de nunca precisar entrar na linha de capital de giro dos bancos. Mas mesmo assim, naquela época, não sabia como ajustar o prazo de receber e de pagar”, diz. Ao buscar ajuda no próprio Sebrae-SP, Carla foi encaminhada para palestras e cursos e, depois de oito meses, conseguiu ajustar os prazos do caixa, mas com mudanças nas regras de seu estabelecimento. “Hoje, estimulo o cliente a pagar à vista com um desconto de 5% a 10% e só parcelo em três vezes se o valor for superior a R$ 600, o que permite que eu consiga um prazo maior para pagar ao fornecedor. Se ficar no meio desse valor, peço um cheque à vista e outro pré-datado em 45 dias. Pensei que teria problemas, mas aceitação dos clientes foi boa”, conta.

Linha do tempo – O segundo passo, explica a empreendedora, foi montar uma “linha do tempo do dinheiro”. E depois padronizar a forma de colocar as informações em um software de controle. O próximo passo, diz a empresária, é concluir uma pesquisa com os fornecedores e sentar com cada um deles para renegociar os prazos e condições. “Se já consegui melhorar a área de contas a receber, com certeza um ajuste do prazo dos pagamentos vai melhorar muito o planejamento do caixa”, afirma. Um resultado já foi visível em dezembro do ano passado quando, novamente, o movimento diminuiu na oficina. “Eu estava mais preparada. Antes nem sabia o que precisava pagar e receber, mas hoje consigo prever o caixa de um ou dois meses”, conta.

Pereira, consultor do Sebrae-SP, lembra que depois de organizar a parte operacional, com registros atualizados, organização e disciplina, o empresário pode fazer uma gestão do ciclo operacional que possibilite visualizar o futuro do caixa. “É a parte mais estratégica, na qual deve ser feita a gestão de todo o ciclo, desde a compra de uma mercadoria e insumos de matéria-prima. O empreendedor monitora, então, o prazo médio de estocagem do produto até a venda ao consumidor. Depois da venda, ele saberá qual o prazo médio de recebimento e com os fornecedores, o prazo médio de pagamento. Ele vai saber exatamente as diferenças de prazos de recebimento e pagamento e qual o gap em que precisará de capital de giro. Quanto mais encurtar o prazo de recebimento e alongar o de pagamento, menor será esse gap”, diz o consultor.

Capital de giro – O sócio-líder da operação da Grant Thornton e colaborador da organização não-governamental Endeavor, Paulo Dortas, lembra que o maior ativo do empreendedor hoje é a gestão adequada do caixa, no qual é possível prever e administrar o capital de giro. “O ciclo da compra de uma mercadoria, venda e pagamento de fornecedores pode levar de 90 a 120 dias, dependendo da área de atuação. Neste intervalo, já foram mais de três a quatro folhas de pagamento e de aluguéis do imóvel. Quando um empreendedor inicia um negócio terá de ter uma reserva para cobrir os gastos do ciclo inicial, entre o produzir, comercializar, receber e pagar”, afirma.

Uma dica, segundo Dortas, é planejar pagamentos duas vezes por mês, tentando encaixar o recebimento com o pagamento. “O ideal é que o pagamento fique em uma data bem próxima e seguido da data de recebimento. É preciso explicar o ciclo todo ao fornecedor, para que ele entenda como funciona a empresa e participe do fluxo”, aconselha Paulo Dortas.

Um método para organizar o ciclo de vendas

Uma outra forma de controle que deveria caminhar junto com a gestão do fluxo de caixa é o ciclo de vendas, também conhecido como funil ou pipeline. Trata-se de um método que elenca todas as tarefas que o vendedor vai executar para ter o processo de venda adequado, desde a prospecção, envio de proposta, negociação e fechamento da venda e o pós-venda.

“Na etapa do fechamento da venda é que deve ser negociado um prazo compatível com a empresa, e obviamente com a necessidade do cliente, para não interferir negativamente no caixa. O pipeline é muito usado por empresas de serviços, nos quais a venda tem um ciclo longo, e é por isso que é preciso negociar um porcentual pago antecipadamente e outro em prazo determinado”, diz o consultor financeiro do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), Wagner Viana Pereira. Também pode se adequar as empresas de equipamentos, softwares, publicidade e até imobiliárias.

De acordo com o diretor de marketing do Instituto Brasileiro de Inteligência de Mercado (Ibramerc), Henrique Gasperoni, o pipeline é importante para que a empresa perceba para quem ela perde o cliente, se para um concorrente ou substituto. “A principal diferença entre empresas grandes e pequenas é a utilização de tecnologia. As grandes investem em processo de acompanhamento por meio de CRM (Customer Relationship Management). Uma pequena pode fazer o controle em um caderno ou em planilha eletrônica”, diz.

Histórico – O pipeline é um método baseado no histórico de vendas, a partir do qual se faz a projeção de probabilidade de fechar um negócio para o próximo mês.

Segundo pesquisa realizada pela entidade, 52% dos profissionais de marketing de 200 empresas olham para o pipeline para desenvolver campanhas e ações voltadas para as vendas. Desse total, apenas 13% realizam uma análise detalhada do funil de vendas, enquanto 48% dos entrevistados fazem análises históricas rápidas ou atuam por percepção.

O gerente geral nas operações de vendas da SalesWays no Brasil, Enio Klein, afirma que a atribuição de probabilidades de vendas nas etapas do funil não é uma unanimidade. “Pode subir ou descer em cada estágio, de acordo com as técnicas do vendedor. O processo não é estático e o vendedor precisa saber até onde pode dar descontos e abrir prazos”, acrescenta ele.

Em empresas em que o pipeline é realizado é necessário haver uma conectividade com o departamento financeiro, que vai cuidar do fluxo de caixa, na opinião do sócio-líder da operação da Grant Thornton e colaborador da organização não-governamental Endeavor, Paulo Dortas. “Ambos devem estar em sintonia, para que o período do ciclo de venda gere recurso num prazo adequado à tesouraria.”

Fonte: Diário do Comércio

BRASILEIROS QUEREM IMPOSTO NA NOTA FISCAL

A falta de informação dos brasileiros sobre o total de impostos embutidos nos preços dos produtos e serviços no País está com os dias contados.

A lei que determina a discriminação, nas notas fiscais, do valor aproximado dos tributos sobre o consumo entra em vigor no dia 10 de junho deste ano, com o aval da população. Uma pesquisa do Ibope, feita em todas as regiões do País com 2002 entrevistados, encomendada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), mostra que 90% dos brasileiros querem essa informação na nota. Apenas 8% são contra e o restante não sabe opinar sobre o assunto.

A pesquisa do Ibope revelou ainda que 65% dos entrevistados concordam integralmente com a afirmação de que “as pessoas poderão cobrar os governos” (de maneira mais efetiva a partir do imposto na nota fiscal) para que usem melhor o dinheiro público.

Os dados foram apresentados ontem pelo presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Rogério Amato, em um evento que reuniu representantes do comércio varejista, da sociedade civil e fabricantes de equipamentos e softwares. Participou o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP, Alencar Burti.

Juntos, os principais atores envolvidos na operacionalização do sistema que vai revelar a carga tributária ao consumidor contribuíram para o desenvolvimento de uma metodologia para que a lei saia do papel. “A campanha pela transparência tributária não é solitária. É uma luta antiga que envolveu centenas de associações que agora contribuem para que os brasileiros passem da condição de súditos para cidadãos de fato”, afirmou Rogério Amato.

Sete tributos- A Lei nº 12.741/2012, conhecida como Lei de Olho no Imposto, obriga as empresas a indicarem nas notas e cupons fiscais os valores aproximados de sete tributos, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/Pasep, Cofins, Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre Serviços (ISS).

O vice-presidente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Automação Comercial (Afrac), Luis Garbelini, ressaltou que não há necessidade de troca de equipamento pelo comércio para atender a exigência. “O custo será apenas com a troca do software. Não sabemos o valor porque a lei não foi regulamentada, mas é certo que o benefício será incomensurável”, afirmou.

A metodologia foi desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), responsável pelos cálculos dos impostos que incidem sobre produtos e serviços. De acordo com o coordenador de estudos da entidade, Gilberto Luiz do Amaral, os cálculos foram feitos individualmente, produto por produto, com base no NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) de cada mercadoria.

Cartazes – Na nota fiscal, entretanto, será mostrado o total dos tributos em porcentual e em valores, como determina a legislação. Os estabelecimentos comerciais também têm a opção de afixar cartazes com os valores, que estarão disponíveis numa lista no site www.deolhonoimposto.com.br. “Pela metodologia, será possível pesquisar o montante de impostos de acordo com a marca dos produtos por meio do número do código de barras”, detalhou Amaral. A lista poderá ser acessada pela população.

Roberto Borges, gerente do Departamento Jurídico da Associação Paulista de Supermercados (APAS), declarou apoio: “Contem com a APAS para que os softwares de cálculo dos impostos cheguem aos supermercados”.

Em Brasília – Hoje, o assunto será discutido em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, a pedido do deputado Guilherme de Campos (PSD-SP), que foi o relator da proposta que deu origem ao Projeto de Lei 1.472/07. Participarão da reunião o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o secretário da Receita Federal do Brasil, Carlos Alberto Freitas Barreto; o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), José Paulo Dornelles Cairoli; o coordenador de Estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral; o presidente da Afrac, Araquen Pagotto, e o presidente da Abras, Fernando Teruó Yamada.

Quantos pagamos para o Leão?

A pesquisa do Ibope foi realizada entre os dias 14 e 18 de março, com homens e mulheres de todas as regiões do País (142 municípios) e classes sociais, com idade acima de 16 anos.

Além de constatar o interesse dos brasileiros em saber o valor dos impostos embutidos nos preços dos produtos e serviços, a pesquisa revelou o quanto a carga tributária é subestimada pelos cidadãos.

A maioria arriscou um peso tributário menor do que o real. Para os entrevistados, o preço de um automóvel 1.0 carrega 30,2%, em média, de impostos. A carga efetiva, entretanto, é de 37%.

A maior discrepância foi encontrada na pergunta sobre o valor embutido numa lata de cerveja, cujo preço final tem 56% de impostos. Os participantes da pesquisa arriscaram uma carga de apenas 19,6%.

A segunda maior diferença de valores foi constatada nas respostas sobre o peso dos impostos na gasolina, com uma diferença de 25 pontos porcentuais. Os impostos correspondem a 53% do preço final. Para os consumidores, porém, os tributos representam apenas 28%.

Uma luta iniciada em 1988

A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

É o que diz o parágrafo 5 do artigo 150 da Constituição Federal, que só agora será regulamentado, com 25 anos de atraso.

Em 1988, o então deputado Guilherme Afif Domingos, atual vice-governador do Estado de São Paulo, insistia na importância da transparência tributária.

De lá para cá, foram várias as iniciativas da ACSP, numa luta que mescla a importância da clareza sobre os impostos pagos pelos cidadãos e a necessidade de redução da carga tributária.

“Foram mais de sete anos de espera para a aprovação da Lei 12.741, sancionada pela presidente Dilma Rousseff sob resistência de alguns setores e da Receita Federal”, lembrou Rogério Amato, presidente da ACSP e da Facesp.

A legislação é resultado de uma campanha conhecida como De Olho no Imposto, que coletou mais de 1,5 milhão de assinaturas em todo o País, liderada pela ACSP com o apoio de várias entidades, que já haviam se mobilizado pela derrubada da Medida Provisória 232, que aumentava os tributos para as empresas de serviços.

Fonte: Diário do Comércio

GOVERNO DIVULGA AÇÕES PARA PEQUENAS EMPRESAS ATÉ MAIO

O ministro da Ciência e Tecnologia (MCTI), Marco Antonio Raupp, disse ontem que até maio serão lançados todos os editais que envolvem investimentos em inovação dos setores integrantes do Plano Brasil Maior, cujos principais beneficiados devem ser as pequenas e médias empresas. A partir de então, as ações do governo poderão ser executadas, segundo ele.

“Desde o ano passado discutimos as ações do Inova Empresa com vários setores. Vários editais foram lançados, como o de hoje [Inova Saúde] e da semana passada com relação à energia renovável. Nós esperamos que até maio todos os editais sejam lançados com esses vários planos setoriais. Ou seja, até o final de maio todas as oportunidades [para investir em inovação] estarão disponíveis, com atenção especial para as médias e pequenas”, disse, após ser questionado pelo DCI, no anúncio do pacote de medidas para impulsionar o mercado de saúde no Brasil, feito na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O Inova Empresa faz parte do objetivo do governo de instalar a cultura de inovação no Brasil. É um plano de investimento que prevê a articulação de diferentes ministérios – 11, na afirmação do ministro do MCTI – e a disponibilização de apoio financeiro por meio de crédito, subvenção econômica, investimento e do financiamento a instituições de pesquisa. Até 2014 serão aplicados mais de R$ 30 bilhões em inovação.

“Todos os programas [do Inova Empresa] são focados nisso [pequena e média] e estão sendo descentralizados para agências regionais. A Finep [Agência Brasileira da Inovação], por exemplo, está fazendo parcerias, repassando os recursos para bancos de desenvolvimento regionais ou fundações de apoio à pesquisa, para atingir o objetivo do governo federal”, complementou Raupp, que preferiu não dar mais detalhes sobre esses próximos editais.

Um exemplo do que já foi anunciado é um edital do Plano Inova Saúde, lançado ontem – dentro da estratégia do Inova Empresa -, que será destinado ao apoio às empresas brasileiras no desenvolvimento e domínio tecnológico das cadeias produtivas ligadas a três áreas temáticas por meio de financiamentos do Finep e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os dois editais do plano somam R$ 2 bilhões.

Também questionado pelo DCI, de qual seria o papel do BNDES neste cenário para apoiar as micro e pequenas, Luciano Coutinho, presidente do banco, comentou que ainda há dificuldade de atender a esse público. “Ao considerar que 95% da exportação brasileira são feitas por grandes empresas, que grandes projetos de infraestrutura são tocados por empresas, e que também temos os estados como grandes clientes, se excluir esses três, nós conseguimos fazer uma mudança espetacular no peso da micro e pequena no BNDES, até mais do que as de maior porte. E isso está alinhado com a política do Plano Brasil Maior e demais programas.”

Por outro lado, ele comenta que a participação das micro, pequenas e médias empresas no BNDES é “significativa”. “Nós conseguimos subir muito o foco do BNDES nesses negócios. Em 2012, os desembolsos somaram R$ 50 bilhões, beneficiados tanto pelo Cartão BNDES, quanto pelos produtos da linha Finame. Em grande medida, o banco, por meio dessa linha, vem financiando a venda de máquinas e equipamentos, e como é uma linha vantajosa, ela vem, e espero que continue, reequipando a indústria de serviços, nos sentido de aumentar a eficiência de automação do processo necessário para melhorar a produtividade”, apontou Coutinho.

Porém, Glauco Arbix, presidente da Finep, comentou que, em vista dessa dificuldade de acesso ao crédito, no recém-lançado Inova Cred, R$ 1,2 bilhão serão destinados para micro e pequenos negócios.

Mais planos

De modo geral, ao responder quais próximos setores devem ser beneficiados pelo Plano Brasil Maior ou pelo Inova Empresa, o ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, preferiu não adiantar anúncios. Mas ele ressaltou que o governo espera propostas de novas medidas de cinco grupos setoriais de trabalho, conforme divulgado pelo DCI ontem, que visam aumentar a competitividade brasileira. Entre os setores beneficiados estão o sucroalcooleiro, químico e têxtil.

“Já recolhemos [MDIC] um elenco de sugestões”. Vamos esperar um pouco para divulgar as próximas ações.

Como estamos construindo uma política industrial de baixo para cima, consultando setores, trabalhadores, centrais sindicais, esta situação demanda mais tempo, mas os resultados são muito mais eficientes.

Aliás, esse encontro de hoje [pacote para o mercado de saúde] é a demonstração desse dialogo permanente que temos que os representantes de setores”, disse Pimentel. De acordo com o ministro da Saúde Alexandre Padilha, o pacote para saúde começou a ser discutido, no geral, no final de novembro do ano passado.

Fonte: DCI

Empresa inadimplente não pode ingressar no Simples.

As micro e pequenas empresas com dívidas tributárias e previdenciárias não têm conseguido ingressar no Supersimples, mesmo quando recorrem ao Judiciário. Na maioria dos casos, os Tribunais Regionais Federais (TRFs) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm negado os pedidos de contribuintes inadimplentes que querem participar do programa. A esperança das empresas é que o Supremo Tribunal Federal (STF) possa reverter o entendimento. Como há muitas ações sobre o tema, o assunto foi considerado de repercussão geral em 2011.

Os tribunais regionais têm entendido que a Lei Complementar nº 123, de 2006, que regula o regime simplificado de tributação, é clara ao vedar a inscrição de empresas com débitos. Os empreendedores, porém, alegam no Supremo que a proibição, prevista em lei, contradiz a própria Constituição, segundo a qual essas empresas deveriam ter tratamento diferenciado e favorecido.

O caso que deve ser julgado como repercussão geral envolve uma empresa de locação de móveis e montagens de coberturas sob medida para festas, chamada Lona Branca Coberturas, localizada em Porto Alegre (RS). A companhia entrou com ação em 2007, quando passou a vigorar a Lei Complementar nº 123. Na época, ela foi impedida de entrar no regime por ter uma dívida de ISS com a prefeitura de Porto Alegre. A empresa havia obtido decisão favorável em primeira instância, que foi revertida no Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, que abrange a região Sul. Com a negativa do TRF, a empresa recorreu ao Supremo.

Segundo o advogado da empresa, Edson Berwanger, do RSB Advocacia Empresarial, várias empresas não conseguiram ingressar no regime na época em que entrou em vigor esse dispositivo da Lei Complementar nº 123. Por essa razão, recorreram ao Judiciário que, em um primeiro momento, foi contra a tese dos contribuintes. Ele afirma ter entrado com mais de 30 ações naquele período.

A principal argumentação que será levada ao Supremo, de acordo com Berwanger, é a de que o inciso V do artigo 17 da Lei Complementar nº 123, que veda a participação das empresas com dívidas tributárias e previdenciárias no Supersimples, seria inconstitucional. Isso porque o inciso III, alínea d, do artigo 146 da Constituição prevê tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte. “Com essa regra, a lei acaba sendo até mais rígida com as micro e pequenas empresas do que com outras na mesma situação, já que elas não tinham como parcelar seus débitos a qualquer tempo”, diz.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região foi o único favorável aos contribuintes. O Órgão Especial do tribunal, em agosto do ano passado, entendeu pela inconstitucionalidade da exigência. Com base nisso, o Berwanger conseguiu incluir recentemente algumas empresas com dívidas no Supersimples. Porém, uma nova decisão da Corte Especial, de março deste ano, entendeu pela constitucionalidade da quitação das dívidas como pressuposto para participar do programa.

Segundo o advogado Eduardo Botelho Kiralyhegy, do Negreiro, Medeiros & Kiralyhegy Advogados, isso reafirma a tese de que todos os tribunais têm sido contrários aos contribuintes, ainda que o Sul tenha ensaiado mudar de posição. O STJ também tem decisões nesse mesmo sentido. “A última palavra sobre o assunto, entretanto, caberá ao STF”, ressalta Kiralyhegy.

Como a Justiça têm sido contrária à suspensão da norma, muitas empresas têm optado por parcelar os débitos, já que passaram a ter essa alternativa a partir de novembro de 2011, segundo o advogado Thiago Carlone Figueiredo, do Figueiredo e Gonçalves Sociedade de Advogados, que assessora diversas empresas nessa situação.

Desde a edição da Lei Complementar nº139, de 2011, as empresas do Supersimples podem quitar seus débitos em até 60 vezes. Antes, a opção que restava, segundo o advogado, era entrar na Justiça com o pedido de participação em parcelamento ordinário, pois não havia um programa específico para as micro e pequenas empresas. “Mais uma vez, se dependia de uma decisão judicial favorável”, diz Figueiredo. Agora com a lei, o parcelamento passa a ser direito de todas as micro e pequenas empresas.

A assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) informou, por meio de nota, que o órgão entende que a exigência de adimplência das empresas que queiram ingressar no Supersimples seria uma forma de resguardar o princípio da isonomia. “Isso porque as que não pagam os seus tributos não podem receber o mesmo tratamento daquelas outras que, ainda nesta mesma condição de microempresa e empresa de pequeno porte, cumprem com todas as suas obrigações tributárias”, afirma a nota.

Para a PGFN, entender de forma contrária seria estimular a inadimplência e até mesmo o enriquecimento ilícito, “na medida em que tais empresas, cumpridoras de suas obrigações tributárias, e não cumpridora das obrigações tributárias, no dia a dia, competem no mercado e estariam sendo favorecidas, em detrimento daquelas que observam e cumprem as leis tributárias”.

Fonte: Valor Econômico

PARA APANHAR SONEGADORES, LEÃO CRUZA DADOS DE OITO DOCUMENTOS

A Receita Federal dispõe de um sofisticado sistema eletrônico que permite cruzar as informações prestadas pelos contribuintes na declaração do IR. A meta é apanhar quem tenta sonegar.

Uma vez recebidos, esses dados são cruzados com aqueles armazenados nos computadores da Receita. Esse sistema é abastecido por oito declarações exigidas de empresas e de outros órgãos públicos e privados.

O primeiro (e principal) documento que o fisco usa é a Dirf (Declaração do IR Retido na Fonte), entregue pelas empresas. Nela estão diversos valores: salário anual pago pela empresa, 13º salário, IR retido na fonte (se for o caso), contribuição ao INSS, plano de saúde (se for o caso) etc.

Outro documento usado é a DIPJ (Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica). Por esse documento, o fisco sabe quanto as empresas distribuíram de lucro aos sócios.

Os gastos com clínicas médicas, com laboratórios, com hospitais e com planos de saúde são informados ao fisco por meio da Dmed, a declaração entregue pelas prestadoras de serviços de saúde e operadoras de planos privados de assistência à saúde.

Os dados de quem tem conta em banco (conta-corrente, poupança, investimento etc.) são informados ao fisco por meio da Dimof (Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira).

As administradoras de cartões de crédito usam a Decred (Declaração de Operações com Cartão de Crédito) para informar as operações acima de R$ 5.000 mensais.

Os dados de transações com construtoras, incorporadoras e imobiliárias são informados pela Dimob (Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias).

Uma vez feita a operação imobiliária, é preciso registrar o imóvel em cartório. Para verificar isso, a Receita dispõe da DOI (Declaração sobre Operações Imobiliárias), entregue pelos serventuários da Justiça responsáveis por cartórios de notas, de registro de imóveis e de títulos.

Há ainda a Dprev (Declaração sobre a Opção de Tributação de Planos Previdenciários), entregue ao fisco pelas entidades de previdência complementar, pelas sociedades seguradoras ou por administradores do Fapi (Fundo de Aposentadoria Programada Individual).

Fonte: Folha de S.Paulo – 25/03/2013