ALTA DO DÓLAR JÁ INTERFERE EM ALGUNS SETORES DA ECONOMIA
A recente valorização do dólar já afeta alguns setores da economia brasileira. Segundo especialistas consultados pelo DCI, as áreas de autopeças, maquinas e equipamentos, insumos químicos e petroquímicos, indústria farmacêutica e aeroespacial sentem um impacto maior da alta. Apesar disso, eles acreditam que a desinflação dos preços externos e a queda da demanda interna são fatores que fazem com que esse cenário não atinja tão fortemente a inflação brasileira.
Segundo o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Celso Grisi, nesses setores a queda do preço mundial não foi tão grande, por isso, a alta do câmbio “vai promover um impacto parcial na economia desses setores que são altamente importadores”. O especialista acredita ainda que a inflação nacional não será afetada pois o Brasil vive um período de retração da demanda e os preços não encontram mais lugar para crescer”.
Ele completou que “os preços no mundo estão em queda, o que os economistas chamam de desinflação mundial, nós estamos exportando produtos mais baratos e importando produtos mais baratos e isso ajuda a combater a inflação aqui dentro”.
Para o consultor de Comércio Internacional, Welber Barral, o patamar do câmbio entre R$ 2,10 e R$ 2,20 é chamado de câmbio de equilíbrio pois deixa os produtos brasileiros mais competitivos sem influenciar tanto os preços dos artigos que contém insumos importados. Nesse caso ele acredita que a alta pode ser positiva para o insumo nacional pois os produtores podem trocar a opção importada pela brasileira, com o preço mais vantajoso.
Ele acredita que não houve a chamada “maxidesvalorização da moeda” – quando a queda chega a 40% ou 50% do preço inicial -, se isso acontecesse o impacto na inflação seria significativo. Ele não vê essa possibilidade no horizonte “se a crise internacional aumentar e a queda do crescimento chinês for mais significativa pode haver uma baixa no preço das commodities”.
Sobre os preços dos artigos agrícolas ele acredita que o câmbio valorizado não influi tanto pois a maioria dos insumos usados no plantio são nacionais, além disso o preço final desses artigos é determinado pelo mercado internacional, com o aumento da demanda externa.
Projeções
Os especialistas consultados pelo DCI não acreditam que a alta do dólar neste ano seja tão significativa e mantém a aposta no patamar de R$ 2. Segundo o analista de Câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, na última segunda-feira, “mesmo sem o mercado esperar, o Banco Central fez um leilão de swap futuro quando o dólar bateu R$ 2,04, mas o a moeda acabou subindo da mesma forma. Estamos sofrendo uma influencia do mercado internacional tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, por isso não estamos vendo uma trégua na desvalorização do real”.
Ele explica que existe uma certa especulação da moeda brasileira que está embutido no preço do dólar, “todo mundo que vende dólar na B&MF Bovespa tem que pagar 1% de IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] e isso tem tirado muito o apetite por venda, as pessoas que são vendedores não estão muito dispostos a ficar com a posição vendida, o mercado tem essa dificuldade nesses últimos tempos, de ter uma liquidez mais abundante para o futuro, por isso a manutenção desse patamar”.
Para Grisi “a crise internacional torna mais agudo o risco Pais, acompanhado da retração da demanda interna os capitais especulativos acabam saindo do Brasil e buscando outros lugares como a Alemanha, a Austrália, e Suíça pois são países que tem moedas refúgio”. Esses capitais “devem voltar para o Brasil no momento que a economia mostrar um crescimento econômico sustentável”, disse. Ele aposta que o dólar deve fechar o ano a US$ 2,20.
Fonte: DCI