ECONOMIA VAI CRESCER NO SEGUNDO SEMESTRE, DIZ PRESIDENTE DO BC
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira (5), em audiência pública na Câmara, que a economia brasileira está crescendo abaixo do seu potencial, mas vai retomar o ritmo no segundo semestre, puxada pelo consumo das famílias, pela redução dos juros e pelas medidas de estímulo adotadas pelo governo nos últimos meses, como incentivos fiscais e desoneração da folha de pagamento de 15 setores empresariais.
Segundo Tombini, o baixo desemprego e o aumento da renda real do trabalhador vão continuar estimulando o consumo ao longo do ano. A oferta de crédito para esse consumo, que vem em um ritmo mais lento, também deverá crescer até o fim de 2012. Para ele, o governo não pode abrir mão do consumo como forma de incentivo à atividade econômica. “Dois terços da economia é consumo. O consumo tem que ser incentivado, porque é isso que dá propagação ao investimento”, disse.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre de 2012, em relação ao último trimestre de 2011. Apesar do fraco desempenho, Tombini disse que o BC só vai revisar no fim do mês a projeção de crescimento para este ano. Em março, a autoridade monetária havia previsto 3,5%.
Tombini participou de uma audiência promovida pela Comissão Mista de Orçamento, em conjunto com três comissões da Câmara (Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Finanças e Tributação; e Fiscalização Financeira e Controle) e duas do Senado (Assuntos Econômicos; e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle). A vinda dele para tratar da situação econômica do País é prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Sobre o cenário internacional, o presidente do BC disse que os mercados ainda são muito voláteis, com baixo crescimento da economia e um “viés desinflacionário” que pode chegar ao Brasil. Ou seja, os preços internacionais estão em um processo de queda, o que por um lado reduziria o valor das exportações do País, mas por outro evitaria repiques inflacionários.
Reformas
Durante o debate, a oposição mostrou-se menos otimista do que o presidente do BC. O deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) lamentou que o governo esteja apostando no consumo como única forma de reativar a economia, receita que já foi adotada em 2008 pelo então governo Lula, no início da crise econômica internacional.
Para Nogueira, o governo Dilma deveria investir nas reformas, como a tributária. “O que não existem nestes últimos dez anos são reformas. Elas estão todas congeladas”, criticou. Já o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que o governo deveria focar o investimento e a forma de fazer isso seria estimular a poupança interna, e não o consumo.
Os parlamentares da base aliada do governo elogiaram a atuação do BC, que em agosto do ano passado iniciou um movimento de redução da taxa Selic, quando saiu de 12% para os atuais 8,5%. Na época, a medida foi muito criticada por agentes do mercado financeiro, que viam na decisão uma ingerência do governo nas decisões do BC. “O Banco Central viu além e hoje todo mundo percebe que ele estava certo”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Diversos parlamentares questionaram a situação de inadimplência das famílias, um assunto que vem sendo tratado com recorrência por especialistas e considerado um dos fatores que podem segurar o crescimento este ano.
Tombini afirmou que o BC espera uma redução também para o segundo semestre. Segundo ele, os empréstimos tomados a partir do segundo semestre de 2011 já apresentam um nível menor de inadimplência. “É uma safra de crédito com mais qualidade”, destacou. Ele afirmou ainda que o sistema financeiro tem liquidez e provisões financeiras para suportar eventuais calotes.
Fonte: Agência Câmara