BRASIL SUSTENTÁVEL É OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS

São nada menos que US$ 200 bilhões ancorados na economia nacional de baixo carbono, uma oportunidade de negócios que a UK Trade & Investment (UKTI) acolhe com grande entusiasmo. De olho na economia global, esse departamento do governo britânico que auxilia empresas do Reino Unido a mapear os nichos comerciais mais promissores do mundo, identificou seis subsetores brasileiros em que vale a pena investir.

As conclusões, que fazem parte do relatório encomendado à Carbon Trust, empresa sem fins lucrativos cuja missão é acelerar a transição para uma economia de baixo carbono e líder mundial em tecnologias limpas, serão apresentadas durante o Seminário Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade (Simai) em 2013.

O documento, intitulado “Brazil: the US$ 200 billion low carbon opportunity”, refere-se à economia brasileira como sendo “a sexta maior do mundo e, de longe, a mais importante da América do Sul, representando mais de 50% do PIB regional e cerca de 2,5% do PIB mundial”. Ao Brasil coube o título de “um dos quatro principais importadores de bens e serviços de baixo carbono do Reino Unido”, sendo que, em 2011, o comércio bilateral registrou incremento de 10% ante ao período anterior, movimentando US$ 8,57 bilhões. Líder mundial na produção de bioetanol e dono de uma frota de veículos movida em mais de 3/4 por motores Flex, que funcionam tanto à base de gasolina, álcool ou uma mistura dos dois, o Brasil ainda é apresentado como importante parceiro nas áreas farmacêutica e energética, entre outras.

Mais que tudo, diz o relatório, a aliança Reino Unido-Brasil visa “fazer frente ao desafio global de garantir o desenvolvimento sustentável em face de uma demanda mundial de alimentos 50% maior; de energia, 45% maior; e de água, 30% maior até 2030″.

Mas se o crescimento econômico brasileiro merece ser louvado, o mesmo não se diz em relação ao desempenho ambiental do País. Segundo a fonte britânica, “este desenvolvimento tem sido acompanhado por um aumento de emissão de gases de efeito estufa”, atribuindo-se ao Brasil o status de quarto maior emissor mundial, com cerca de 1.259 milhões de toneladas de CO2e em 2008 e projeção de aumento de 35% até 2030.

Líderes – Essa rota está em desacordo com a agenda de desenvolvimento sustentável do País, garante James Wilde, diretor de Inovação e Políticas da Carbon Trust: “O Brasil está comprometido com a promoção de um crescimento de baixo carbono para a sua economia em expansão”, advoga, lembrando que “isso cria uma enorme oportunidade comercial para as empresas britânicas, uma vez que elas são líderes em muitas das tecnologias de ponta e serviços de baixo carbono necessários” para reverter o quadro.

Para o ministro britânico de Energia e Mudança Climática, Edward Davey, “enquanto países como o Brasil buscam reduzir ainda mais o seu consumo de energia, o Reino Unido está em uma ótima posição para liderar a transição global para uma economia de baixo carbono”, pois ele lidera a tecnologia de geração de eletricidade a partir de fontes novas e renováveis e já é capaz de fornecer soluções sustentáveis que podem ser aplicadas e replicadas por todo o mundo. O desempenho comercial britânico no setor de baixo carbono comprova isso: segundo o relatório, as vendas mundiais de bens e serviços ambientais e de baixo carbono movimentaram 3,3 trilhões de libras em 2010/11, sendo que as áreas de expansão mais rápida são a de finanças de carbono (crescimento de 7,9%) e a de geração de energia eólica (6,5%).

Seis setores – No Brasil, empresas britânicas poderiam ser especialmente bem-sucedidas ao oferecer produtos e serviços em seis subsetores: resíduos sólidos, água e esgoto, aeroportos e espaço aéreo, automotivo, bioenergia (etanol e biomassa) e construção e infraestrutura esportiva.

No setor de pesquisa e desenvolvimento, por exemplo, identificou o relatório, há demanda por novas tecnologias de tratamento de resíduos, digestão anaeróbia e pirólise (tratamento do lixo por meio de altas temperaturas); bem como pela produção de biocombustíveis de ponta, como o biobutanol. No setor de planejamento e produção, há oportunidades em relação à criação de embalagens que impliquem em não-geração e redução de resíduos, assim como no que diz respeito à gestão integrada de resíduos e água em escala municipal. No setor de manufaturados e operacionalização, o mercado nacional carece de equipamentos de monitoração da qualidade da água e detecção de vazamentos, além de biorreatores. Para empresas britânicas que operam com finanças, a maior procura, por parte do mercado nacional, é por recursos para viabilizar a construção ou reforma de sistemas de tratamento de água e redes de distribuição, a produção de etanol e a geração de energia eólica.

O volume de dinheiro em circulação por conta da agenda de crescimento verde do Brasil é tentadora, também aponta o relatório: segundo estimativa da Carbon Trust, em face da Política Nacional de Resíduos Sólidos, recém-aprovada, a área de resíduos sólidos demandará investimentos de US$ 10 bilhões até 2020; a de água e esgoto, outros US$ 13 bilhões até 2014. Etanol e biomassa exigem US$ 1,6 bilhão ao ano. Ainda segundo o documento britânico, cerca de US$ 13,4 bilhões serão aplicados em saneamento básico no Brasil entre 2011 e 2014, como parte da Fase II do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), um investimento ao qual poderá ser incorporado o capital estrangeiro.

Fonte: Diário do Comércio

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