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PONTO ELETRÔNICO PARA PEQUENAS EMPRESAS ENTRA EM VIGOR EM 3 DE SETEMBRO

A partir de 3 de setembro, passa a vigorar a portaria do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) que obriga as micro e pequenas empresas a instituir o ponto eletrônico em suas unidades.
Segundo o ministério, empresas com até dez empregados estão isentas de implementar o sistema. Aquelas com mais de dez empregados poderão escolher entre o ponto manual e o mecânico.
O MTE informou também que o preço médio do aparelho é de R$ 2.850, sendo que existem 66 modelos registrados no ministério.
De acordo com a norma, o trabalhador receberá um comprovante após a marcação, mas ficará a seu critério guardá-lo ou não.
Nos primeiros noventa dias após o início da obrigatoriedade, a fiscalização será orientativa, ou seja, terá o objetivo de indicar lacunas e falhas no sistema implementado.
Segundo pesquisa do SebraeDieese, existem cerca de 6 milhões de micro e pequenas ativas no Brasil.
Fonte: Folha de São Paulo

DICAS DE GESTÃO PARA NOVOS NEGÓCIOS
15 conselhos que podem valer o sucesso da empresa

Com 27 milhões de empresários ou de pessoas envolvidas na concepção de um negócio próprio, o Brasil é o terceiro colocado em número de empreendedores num ranking de 54 países, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Somente em 2012 foram criadas mais de 1 milhão de empresas em território brasileiro. São Paulo é o estado com o maior número de novos negócios, mais da metade no setor de serviços.
Com o objetivo de contribuir para manter o alto índice de empreendedorismo, o Sindicato das Empresas de Contabilidade e Assessoramento no Estado de São Paulo (SESCON-SP) preparou uma lista com 15 dicas que podem valer o sucesso de um empresário iniciante. “O Brasil é um país cheio de burocracia. Para superar os obstáculos é preciso foco, profissionalismo, conhecimento e cautela para conquistar mercado, fazer a empresa crescer e ganhar credibilidade”, afirma José Maria Chapina Alcazar, presidente do SESCON-SP.
1 Identificação do negócio
Inicialmente, identificar uma vocação e um desejo é importante porque é fundamental trabalhar com satisfação e não somente para ganhar dinheiro. “Buscar uma área de sua afinidade é um bom começo”, aconselha Chapina Alcazar.
2 Conhecer bem a área de atuação
Definido o segmento, é importante obter o máximo de conhecimento sobre o futuro negócio. Segundo o presidente do SESCON-SP, é preciso observar a atuação da concorrência, pesquisar se o local não está saturado, identificar os hábitos e a carência dos consumidores. “É importante também mapear oportunidades e dificuldades, participar de cursos, palestras e buscar capacitação sobre todas as questões que envolvem o nicho específico e o empreendedorismo em geral.”
3 Plano de negócios
Com os dados colhidos na pesquisa, elaborar um plano de negócios mais claro e detalhado possível, documentando estratégias para concretizar os objetivos: aspectos financeiros, administrativos e de marketing. “Este documento servirá como guia para o empreendedor.”
4 O apoio da Contabilidade
O auxílio de uma boa assessoria contábil no momento de abertura do negócio é fundamental. Ela apontará os meios para a formalização do negócio em âmbito municipal, estadual e federal. “O contador profissional ajudará no planejamento e indicará caminhos para a legalidade, o crescimento e o sucesso. Independentemente do porte da empresa, não se pode abrir mão da escrituração contábil, uma poderosa ferramenta do Estado para fiscalização e para tomadas de decisão do empresário”, garante Chapina Alcazar.
5 Formalização
A formalização é mais que uma questão legal. Uma empresa informal fica de mãos atadas, sem oportunidades de crescer. De acordo com o presidente do SESCON-SP, “legalizada, a organização pode trabalhar sem preocupação com fiscalização, tem acesso facilitado a créditos, pode participar de concorrências e ganha a credibilidade do mercado”.
6 Ponto adequado
Antes da aquisição ou locação do imóvel onde a atividade será exercida é preciso verificar se não há desacordo com a legislação de zoneamento da cidade ou se o “habite-se” está alinhado à atividade. Caso contrário a empresa terá problemas para obter a licença de funcionamento.
7 Escolha adequada do regime de tributação
Ao optar acertadamente entre os regimes de apuração de tributos do Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional, as empresas conseguem reduzir significativamente a sua carga tributária. Esta escolha deve sempre levar em consideração o orçamento e o resultado desejado pelo empreendedor, não deixando de considerar o custo de todos os tributos incidentes sobre a atividade, mercadorias comercializadas e despesas com salários, por exemplo. Chapina Alcazar adverte: “é importante lembrar que nem sempre a melhor opção é o sistema simplificado”.
8 Controles internos de gestão
Ao lado da escrituração contábil, a adoção de controles internos de gestão é essencial para o negócio e necessária para a boa prestação de contas ao fisco. Controle de estoque, do quadro de colaboradores, de caixa e outros auxiliam as tomadas de decisão.
9 Controle do fluxo de caixa
O empresário precisa ter atenção especial ao fluxo de caixa, sempre contabilizando os recursos que serão destinados aos impostos, ao pagamento de funcionários, décimo terceiro e reserva para emergências. É preciso entender a sistemática do mercado e do nicho de atuação nas compras a prazo, sempre trabalhando com prazos que permitam que o montante das vendas entre em caixa antes do vencimento das compras. “Questão vital neste item é nunca envolver dinheiro da pessoa física no negócio”, alerta o presidente do SESCON-SP.
10 Qualidade
É preciso sempre investir na qualidade, tanto nos serviços como no atendimento. Para Chapina Alcazar, muito mais importante do que conquistar novos clientes é fidelizar os atuais. “Serviços de excelência sempre fazem o cliente voltar.”
11 Profissionalização
Não importa o tamanho da empresa, a prioridade é a profissionalização do negócio. Além de criar condições para solidez e crescimento, esta medida é fundamental visto que a evolução da inteligência fiscal brasileira permite inúmeras possibilidades de cruzamento de dados e exige uma postura cada vez mais séria do novo empresário.
12 O que é lucro? Utilize comparativos
A realização de um orçamento trimestral ou anual constitui uma grande ferramenta para o empreendedor, pois permite análises e comparações mês a mês, além da adoção de medidas para que o giro de produtos e serviços possa cobrir despesas como taxas, tributos, aluguel, assessorias, entre outros.
Demonstração simplificada:
Vendas do mês – compras do mês = lucro bruto
Lucro bruto – despesas gerais = lucro líquido
Dessa forma, o lucro líquido fica disponível para novos investimentos na empresa ou para divisão entre os sócios.
13 Invista na equipe
A equipe de colaboradores pode ser fator de sucesso ou de fracasso do novo empreendimento. “Contrate pessoas que querem crescer, motive e ofereça treinamento. Envolva a equipe em seus objetivos e metas”, acrescenta Chapina Alcazar.
14 Inquietação
A inquietação motiva o crescimento. “Estar atento às novidades, ao comportamento do mercado e às mudanças de hábitos dos consumidores é muito positivo.”
15 Aprimoramento
O aprimoramento profissional é um item de ouro para trabalhadores e também para o empreendedor. “É importante entender seus pontos fracos e buscar aprendizado, além de investir em conhecimento, especialmente em gestão”, finaliza Chapina Alcazar.
Fonte: Sescon-SP

CARGA TRIBUTÁRIA É A MAIOR BARREIRA PARA O CRESCIMENTO DAS EMPRESAS

A carga tributária é o fator que mais impede o crescimento de uma empresa na opinião de 64% dos empresários paulistas. A informação faz parte da 78ª edição da pesquisa de Índice LIDE-FGV de Clima Empresarial, divulgada durante evento na FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Em segundo lugar, o nível de procura foi o mais citado, com 21% das indicações, o cenário político aparece com 13% e taxa de juros é o principal motivo para 2% dos entrevistados.

Previsão de empregos

O levantamento revelou também 54% dos empresários pretendem manter o número de profissionais na empresa este ano. Já 22% estão com previsão de aumentar o quadro de funcionários e o restante, 24%, acreditam que terão de demitir. Em relação a junho, houve um crescimento de 8 pontos percentuais, já que, na época, o número de empresários que pretendiam demitir era de 16%.

Para o cenário de 2013, a pesquisa mostra que 32% dos empresários pretendem contratar, enquanto 54% acreditam que irão manter o quadro de funcionários e 14% preveem demissões.

Fonte: InfoMoney

EMPRESAS DO SIMPLES PODEM TER QUE RETER CONTRIBUIÇÃO AO INSS

A Receita Federal esclareceu que as atividades de dedetização, desinsetização, desratização e outros controles de pragas são considerados serviços de limpeza. Assim, os prestadores desses serviços podem optar pelo Simples Nacional. Porém, se prestarem serviços por meio de cessão de mão de obra, essas empresas terão a contribuição previdenciária retida antecipadamente pelos tomadores.

O Fisco determinou aos seus auditores fiscais que, mesmo que uma empresa exerça atividade que conste da relação de serviços sujeitos à retenção antecipada da contribuição previdenciária, ela pode ser optante do Simples.

O entendimento foi consolidado por meio da Solução de Consulta Interna da Coordenação-Geral de Tributação (Cosit) nº 13.

“A solução é relevante porque há soluções de consulta em que a Receita entendeu que os serviços de controle de pragas não equivaleriam a serviços de limpeza e, portanto, não poderiam ser tributados pelo Simples”, afirma a advogada Marluzi Barros, do escritório Siqueira Castro Advogados. “Agora, o entendimento foi pacificado.”

A retenção é uma forma de recolhimento antecipado do tributo. “No caso de cessão de mão de obra, ela é exigida para evitar que empresas contratem empregados como se fossem terceirizados para pagar menos impostos”, diz Marluzi. Na retenção, o valor é descontado da nota fiscal do prestador de serviço pelo tomador.

Pelo Simples, as empresas recolhem todos sos tributos de uma vez, por meio de um pagamento único. Excepcionalmente, empresas que prestam serviços via cessão de mão de obra, e são optantes pelo Simples, pagam o imposto único sem a contribuição previdenciária.

Fonte: Valor Econômico

RECEITA FEDERAL APERTA O CERCO A TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS

Serviço contratado ou prestado e pagamento ou recebimento de royalties terão de ser informados em 30 dias.

Importar ou exportar serviços, além de fazer a transferência de direitos de royalties, vai ficar mais difícil. A Receita Federal editou uma instrução normativa (1.277) determinando que transações desse gênero sejam informadas no prazo de trinta dias.

No caso de atrasos, a multa será de R$ 5 mil ao mês ou 5% do valor da operação.
São afetadas pela norma, por exemplo, contratações de profissionais para consultoria, diligências, instalação e manutenção de equipamentos e para agenciamento de exportações.

Encomendas de correção de softwares devem ser enquadradas, assim como corretagem de compra de imóveis em outros países. Também estão no escopo da instrução 1.277 os pagamentos e recebimentos de royalties.

No caso de pessoas jurídicas, não há piso de valor. Para pessoas físicas, a regra vale em operações acima de R$ 20 mil. A instrução foi publicada em 28 de junho, mas passou despercebida.

Agora, porém, as bancas de advocacia tributária alertam os clientes enquanto aguardam a regulamentação, que deve acontecer de um mês e um ano, acreditam os tributaristas.

A expectativa é que venha com restrições – piso de valor – que reduzam o número de operações abrangidas. Para se ter uma ideia do volume de transações afetadas, o Banco Central registrou no ano passado remessas de US$ 103 bilhões relativas ao pagamento de serviços e de US$ 3,5 bilhões relativas a direitos de royalties.

“Tirando as empresas que estão no Simples, a medida deverá atingir 40% das companhias”, estima Ana Cláudia Utumi, sócia coordenadora da área tributária do escritório Tozzini Freire Advogados.

Entre os setores mais afetados, devem estar os de tecnologia e petroquímica, que usam muita mão de obra estrangeira.

Imposto disfarçado

Na prática, a IN 1.277 pode se tornar um “novo imposto”, principalmente para empresas de pequeno e médio porte. A alternativa é elevar o custo administrativo investindo em departamento jurídico e softwares de gerenciamento adaptáveis às novas rotinas.

Do contrário, terão de arcar com a multa de R$ 5 mil mensais, por não cumprirem a nova exigência.

“Preencher formulários detalhadamente pode ser oneroso para empresas menores”, avalia Julio Augusto Oliveira, sócio do escritório Siqueira Castro. “É um exagero. Essas informações já são prestadas em outras rotinas fiscais. A instrução transfere ao contribuinte trabalho que deveria ser feito pela Receita.”

Oliveira destaca que a norma exige a prestação de informações por estabelecimento. “No caso de uma empreitera, cada canteiro de obras é considerado uma empresa e terá de fazer o preenchimento no site.”

Ele ressalta que, em serviços sujeitos a medição – como obras, que têm aferido seu progresso físico periodicamente -, a instrução normativa fixa a necessidade de informação um mês após o início da prestação de serviço e um mês após a medição. Procurada pela reportagem, a Receita Federal não quis se pronunciar.

Fonte: Brasil Econômico

CRESCIMENTO DO PIB DO PRIMEIRO TRIMESTRE FOI LIDERADO POR SERVIÇOS

Os dados da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no 1º trimestre de 2012 não foram bons – mas o setor de serviços, especificamente, apresentou um desempenho sensivelmente melhor do que o do conjunto da economia. A Confederação Nacional de Serviços (CNS) divulgou análise destes números em que destaca que os serviços privados não-financeiros foram um dos conjuntos de atividades que melhor se saíram no período, expandindo-se 11,9% em valores correntes.

Trata-se de um grupo de atividades que engloba principalmente transporte, armazenagem e correio (item que experimentou 12,7% de expansão no 1º trimestre, sempre em valores correntes), serviços imobiliários e aluguel (10,2% de crescimento), serviços de informação (2,4%) e outros serviços (14,6% de expansão). A média destes elementos resulta no crescimento de 11,9% para o setor.

O contraste é forte com o desempenho da agropecuária no primeiro trimestre de 2012: a atividade encolheu 3,4% sobre idêntica época do ano passado. A indústria de transformação nacional também não se saiu bem, tendo apresentado um desempenho negativo de 6,3%. O comércio no País teve melhor performance, crescendo 4,6%, e a construção civil – em que pese o relativo desaquecimento que no momento atravessa – foi bem nos três primeiros meses do ano, expandindo-se 11,4%.

Luigi Nese, presidente da CNS, defendeu recentemente a inclusão do setor de serviços no SuperSimples. “Estamos onerando salário, e isso diminui a competividade, a empregabilidade e a formalização”, disse ele. Nos dias de hoje, segundo o dirigente, 39 milhões de brasileiros trabalham no setor de serviços nacional, em 1,1 milhão de empresas. O setor responde por 67% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, o qual ficou em R$ 2,3 tri em 2011.

Outro ponto destacado pelo relatório da entidade foi o crescimento expressivo do crédito para pessoas físicas nos últimos anos. De 2010 para cá, no entanto, o ritmo de expansão do mesmo tem ficado abaixo do aumento da renda nacional. A incidência cada vez maior da inadimplência pode ter contribuído para isto. Do total de créditos ao setor público e privado nacionais, inclusive títulos da dívida, 3,8% estavam em situação de inadimplência até maio deste ano. Um dos segmentos que teve maior aumento da inadimplência foi o do crédito para aquisição de veículos.

Fonte: DCI

ECONOMIA VAI CRESCER NO SEGUNDO SEMESTRE, DIZ PRESIDENTE DO BC

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira (5), em audiência pública na Câmara, que a economia brasileira está crescendo abaixo do seu potencial, mas vai retomar o ritmo no segundo semestre, puxada pelo consumo das famílias, pela redução dos juros e pelas medidas de estímulo adotadas pelo governo nos últimos meses, como incentivos fiscais e desoneração da folha de pagamento de 15 setores empresariais.
Segundo Tombini, o baixo desemprego e o aumento da renda real do trabalhador vão continuar estimulando o consumo ao longo do ano. A oferta de crédito para esse consumo, que vem em um ritmo mais lento, também deverá crescer até o fim de 2012. Para ele, o governo não pode abrir mão do consumo como forma de incentivo à atividade econômica. “Dois terços da economia é consumo. O consumo tem que ser incentivado, porque é isso que dá propagação ao investimento”, disse.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre de 2012, em relação ao último trimestre de 2011. Apesar do fraco desempenho, Tombini disse que o BC só vai revisar no fim do mês a projeção de crescimento para este ano. Em março, a autoridade monetária havia previsto 3,5%.

Tombini participou de uma audiência promovida pela Comissão Mista de Orçamento, em conjunto com três comissões da Câmara (Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Finanças e Tributação; e Fiscalização Financeira e Controle) e duas do Senado (Assuntos Econômicos; e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle). A vinda dele para tratar da situação econômica do País é prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Sobre o cenário internacional, o presidente do BC disse que os mercados ainda são muito voláteis, com baixo crescimento da economia e um “viés desinflacionário” que pode chegar ao Brasil. Ou seja, os preços internacionais estão em um processo de queda, o que por um lado reduziria o valor das exportações do País, mas por outro evitaria repiques inflacionários.
Reformas

Durante o debate, a oposição mostrou-se menos otimista do que o presidente do BC. O deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) lamentou que o governo esteja apostando no consumo como única forma de reativar a economia, receita que já foi adotada em 2008 pelo então governo Lula, no início da crise econômica internacional.
Para Nogueira, o governo Dilma deveria investir nas reformas, como a tributária. “O que não existem nestes últimos dez anos são reformas. Elas estão todas congeladas”, criticou. Já o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que o governo deveria focar o investimento e a forma de fazer isso seria estimular a poupança interna, e não o consumo.
Os parlamentares da base aliada do governo elogiaram a atuação do BC, que em agosto do ano passado iniciou um movimento de redução da taxa Selic, quando saiu de 12% para os atuais 8,5%. Na época, a medida foi muito criticada por agentes do mercado financeiro, que viam na decisão uma ingerência do governo nas decisões do BC. “O Banco Central viu além e hoje todo mundo percebe que ele estava certo”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Diversos parlamentares questionaram a situação de inadimplência das famílias, um assunto que vem sendo tratado com recorrência por especialistas e considerado um dos fatores que podem segurar o crescimento este ano.
Tombini afirmou que o BC espera uma redução também para o segundo semestre. Segundo ele, os empréstimos tomados a partir do segundo semestre de 2011 já apresentam um nível menor de inadimplência. “É uma safra de crédito com mais qualidade”, destacou. Ele afirmou ainda que o sistema financeiro tem liquidez e provisões financeiras para suportar eventuais calotes.
Fonte: Agência Câmara

PROGRAMAS SOCIAIS AJUDAM BRASIL A RESOLVER EFEITOS DA CRISE MUNDIAL, DIZ MINISTRA

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Tereza Campello, afirmou ontem (12) que o Brasil não está imune aos impactos de uma redução do crescimento econômico mundial. No entanto, diz a ministra, os efeitos da crise no país estão sendo resolvidos com medidas econômicas, graças ao mercado de consumo de massa apoiado, em parte, pelos programas sociais do governo, que devem injetar este ano R$ 20 bilhões na economia.
Em entrevista à Agência Brasil, Tereza Campello disse que os empresários do comércio, os industriais e os governantes de todos os partidos conseguem compreender a dimensão extra do Bolsa Família. “Não é só a dimensão de justiça e equidade, mas a dimensão econômica, que é ter criado um colchão de renda, que não só garante que haja sempre um patamar da economia funcionando, como impede que, nos momentos de crise, você bata no fundo do poço. Você sempre tem uma renda que garante um patamar mínimo de funcionamento da economia”, explicou.
A economia em crescimento é uma condição importante para que parcela daqueles que vivem na extrema pobreza sejam inseridos no mercado de trabalho, mas a ministra ressalta que isso depende da qualificação profissional deste segmento da população. “A taxa de crescimento pode ser maior ou pode estar no patamar de hoje. Tudo indica que teremos oportunidade para os brasileiros. Por isso, estamos investindo pesadamente para que tais oportunidade sejam aproveitadas.”
A íntegra da entrevista é a seguinte:
ABr: O Brasil está com um dos mais baixos índices de desemprego e, além disso, a economia crescendo nos atuais patamares pode contribuir para a redução do número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família?
Tereza Campello: Isso depende de quanto a economia vai crescer. Não podemos discutir se as pessoas vão conseguir emprego. Na década de 1990, os governos faziam cursos de qualificação para pessoas desempregadas. A economia estava estagnada e jogava-se para o trabalhador o ônus de estar desempregado. O fato de você qualificar a pessoa não quer dizer que ela vai melhorar de vida. O fato de o Brasil estar crescendo também não significa que ela vai conseguir se empregar. Hoje, esta população não está conseguindo tais oportunidades por falta de qualificação. Em várias cidades brasileiras, faltam oportunidades de qualificação. O Brasil crescendo, o governo entra com a capacitação das pessoas.
ABr: O Brasil crescendo tem algum efeito sobre o programa?
Tereza Campello: Muito grande da parte dessas pessoas, que não precisarão mais do Bolsa Família. Agora tem gente que ainda não entrou no programa. Estamos indo atrás dessas pessoas. Há muita gente saindo do Bolsa Família porque melhorou de vida. Outros, a gente ainda está incluindo.
ABr: Seu ministério (MDS) tem ações que envolvem forte atuação na área social, com reflexos importante na economia.
Tereza Campello: O Brasil Sem Miséria não é um programa do ministério. É da presidenta Dilma. Por isso, ele vem sendo priorizado por todos os ministérios, inclusive pelo da Fazenda. Incluir milhões de brasileiros como consumidores tem ajudado o Brasil a crescer. Tem uma demanda de bens de consumo em diversas localidades do país. Hoje acabou o tabu de que quem defende a agenda social é quem trabalha com política social. Hoje os empresários do comércio, os industriais, os diferentes governantes e partidos conseguem compreender a dimensão extra de que não é só a dimensão de justiça e equidade, mas a dimensão econômica, que é ter criado um colchão de renda, que não só garante que haja sempre um patamar da economia funcionando, como impede que, nos momentos de crise, você bata no fundo do poço. Você sempre tem uma renda que garante um patamar mínimo de funcionamento da economia.
ABr: Se ocorrer um processo de desaquecimento da economia, quais as conseqüências sobre o programa?
Tereza Campello: O Brasil não é uma ilha e não está imune aos efeitos de uma redução do crescimento econômico mundial. Estamos sentindo os efeitos, mas temos conseguido resolver, não só com medidas econômicas para manter a economia brasileira e nosso mercado interno de massa funcionando, mas apoiados inclusive em parte em nossos programas sociais para atravessar este momento de crise. E, com isso, são menores os impactos sociais.
Fonte: Agência Brasil

ALTA DO DÓLAR JÁ INTERFERE EM ALGUNS SETORES DA ECONOMIA

A recente valorização do dólar já afeta alguns setores da economia brasileira. Segundo especialistas consultados pelo DCI, as áreas de autopeças, maquinas e equipamentos, insumos químicos e petroquímicos, indústria farmacêutica e aeroespacial sentem um impacto maior da alta. Apesar disso, eles acreditam que a desinflação dos preços externos e a queda da demanda interna são fatores que fazem com que esse cenário não atinja tão fortemente a inflação brasileira.
Segundo o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Celso Grisi, nesses setores a queda do preço mundial não foi tão grande, por isso, a alta do câmbio “vai promover um impacto parcial na economia desses setores que são altamente importadores”. O especialista acredita ainda que a inflação nacional não será afetada pois o Brasil vive um período de retração da demanda e os preços não encontram mais lugar para crescer”.
Ele completou que “os preços no mundo estão em queda, o que os economistas chamam de desinflação mundial, nós estamos exportando produtos mais baratos e importando produtos mais baratos e isso ajuda a combater a inflação aqui dentro”.
Para o consultor de Comércio Internacional, Welber Barral, o patamar do câmbio entre R$ 2,10 e R$ 2,20 é chamado de câmbio de equilíbrio pois deixa os produtos brasileiros mais competitivos sem influenciar tanto os preços dos artigos que contém insumos importados. Nesse caso ele acredita que a alta pode ser positiva para o insumo nacional pois os produtores podem trocar a opção importada pela brasileira, com o preço mais vantajoso.
Ele acredita que não houve a chamada “maxidesvalorização da moeda” – quando a queda chega a 40% ou 50% do preço inicial -, se isso acontecesse o impacto na inflação seria significativo. Ele não vê essa possibilidade no horizonte “se a crise internacional aumentar e a queda do crescimento chinês for mais significativa pode haver uma baixa no preço das commodities”.
Sobre os preços dos artigos agrícolas ele acredita que o câmbio valorizado não influi tanto pois a maioria dos insumos usados no plantio são nacionais, além disso o preço final desses artigos é determinado pelo mercado internacional, com o aumento da demanda externa.
Projeções
Os especialistas consultados pelo DCI não acreditam que a alta do dólar neste ano seja tão significativa e mantém a aposta no patamar de R$ 2. Segundo o analista de Câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, na última segunda-feira, “mesmo sem o mercado esperar, o Banco Central fez um leilão de swap futuro quando o dólar bateu R$ 2,04, mas o a moeda acabou subindo da mesma forma. Estamos sofrendo uma influencia do mercado internacional tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, por isso não estamos vendo uma trégua na desvalorização do real”.
Ele explica que existe uma certa especulação da moeda brasileira que está embutido no preço do dólar, “todo mundo que vende dólar na B&MF Bovespa tem que pagar 1% de IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] e isso tem tirado muito o apetite por venda, as pessoas que são vendedores não estão muito dispostos a ficar com a posição vendida, o mercado tem essa dificuldade nesses últimos tempos, de ter uma liquidez mais abundante para o futuro, por isso a manutenção desse patamar”.
Para Grisi “a crise internacional torna mais agudo o risco Pais, acompanhado da retração da demanda interna os capitais especulativos acabam saindo do Brasil e buscando outros lugares como a Alemanha, a Austrália, e Suíça pois são países que tem moedas refúgio”. Esses capitais “devem voltar para o Brasil no momento que a economia mostrar um crescimento econômico sustentável”, disse. Ele aposta que o dólar deve fechar o ano a US$ 2,20.
Fonte: DCI

MAIS FOCO NA GESTÃO, MENOS NO FISCO

A informalidade perdeu a vez na contabilidade brasileira, e a meta é a qualificação cada vez maior do setor, em função das exigências do mercado. Segundo José Maria Chapina Alcazar, presidente do Sescon-SP, a contabilidade tem se transformado cada vez mais em contabilidade de gestão e não mais para o fisco. “O empreendedor que não tiver uma boa gestão na contabilidade pode ter problemas na manutenção do seu negócio”, diz Chapina.
Para a qualificação do segmento avançar, uma das apostas é a certificação. Segundo o presidente do Sescon-SP, este ano foram certificadas cerca de 50 empresas. Em 2011, 28. “Está dobrando de um ano para outro”, afirma.
Em entrevista ao DCI, ele destaca de a necessidade uma reforma tributária. “Primeiro precisamos de uma reforma política. A reforma tributária não sai porque não há interesse político. Fica-se criando uma colcha de retalhos”, diz.
A seguir, os principais trechos da entrevista de Chapina.
DCI: Uma das metas de sua gestão à frente do Sescon-SP é elevar a qualificação na contabilidade. Como está este projeto?
José Maria Chapina Alcazar: A meta é a qualificação cada vez mais crescente em função das exigências da atualidade. A informalidade não tem mais vez no ambiente do empreendedorismo, e a contabilidade se transforma em uma contabilidade de gestão e não mais para o fisco. O empreendedor que não tiver uma boa gestão na contabilidade pode ter problemas na manutenção do seu negócio.
DCI: Há outras iniciativas para fazer avançar a qualificação?
Chapina: Temos o programa de qualidade do Sescon-SP e o ISO 9000. As empresas de contabilidade só conseguem esse certificado depois de passar pela auditoria da ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas]. Para isso, investem em educação, tecnologia, recursos humanos etc. Este ano foram certificadas cerca de 50 empresas. Em 2011, 28. Para obtê-la, empresas têm que ter no mínimo quatro anos de programa de qualidade. Estamos alterando o regimento para flexibilizar, para aquele que já se sente capacitado para buscar a ISO possa fazer um curso intensivo e chegar lá em dois anos.
DCI: Qual a vantagem para escritórios que têm a certificação?
Chapina: Hoje o mercado funciona assim: preciso de uma empresa de contabilidade, gostaria de receber um orçamento, mas só tenho interesse se a empresa participa do programa de qualidade. É uma condição que já começou a aparecer no mercado. No meu escritório, já cheguei a fazer propostas de serviço com essa condição. Sem programa de qualidade, o cliente não quer conversa. Este é um diferencial. E para os recebedores do serviço é uma segurança, pois a empresa está capacitada para oferecer, e, no mínimo, preocupada com a educação continuada dos colaboradores e diretores. Não quer dizer que quem não está no programa não é bom. Mas se percebe que o empresário da contabilidade está se submetendo à educação continuada, ao investimento, participa de eventos, de cursos.
DCI: Que parcela das empresas de contabilidade já participa do programa de qualidade?
Chapina: Estamos chegando, no Estado de São Paulo, a 1% das empresas. O Sescon-SP representa 62 segmentos econômicos, não só empresas de contabilidade. O segmento de contabilidade no Estado de São Paulo equivale a 18 mil empresas, fora os contabilistas; na capital, 10 mil empresas. Associados, com direito a voto, que participam da entidade, são 4 mil. Se estamos com 450 empresas participando, é um bom número. São Paulo está na frente. Levamos o modelo para outros estados, como Pernambuco.
DCI: Essa virada no conceito da profissão já aconteceu?
Chapina: Está acontecendo. O trabalho das entidades da contabilidade -como o Conselho Regional de Contabilidade, o Sescon-SP, o Conselho Federal de Contabilidade, entre outras- está na direção da mudança cultural, por meio da educação. Em agosto, em parceria com a Trevisan e o Conselho Federal de Contabilidade, lançaremos o projeto piloto no Estado de São Paulo, de pós-graduação das empresas de contabilidade. Com isso, o sistema fiscalizador e de controle da profissão quer massificar a cultura no meio, e os profissionais da contabilidade que não virem a necessidade da mudança desaparecerão do mercado.
DCI: Vocês ainda praticam o exame de suficiência?
Chapina: Estamos no segundo ano. O grau de aprovação este ano nos surpreendeu. Não é representativo, mas está melhor do que o da Ordem dos Advogados do Brasil. No primeiro ano, o grau de reprovação foi grande. Este ano não está excelente, mas demonstra um crescimento. O profissional de contabilidade conclui o curso de Ciências Contábeis, é bacharelado, e só estará apto para o exercício da profissão se passar pelo exame de suficiência. Aprovado, recebe a outorga do Conselho Regional de Contabilidade, que é a outorga de exercício da profissão. E esta educação continuada visa ao aperfeiçoamento do profissional. O técnico de contabilidade deixará de existir a partir de 2015 com a aprovação da lei de regência. A partir de 2015 não se formam técnicos de contabilidade no Brasil. Os que já estão continuam. Depois de 2015, só cursos superiores.
DCI: O aumento de exigência de transparência nos balanços está repercutindo de que maneira na atividade do contador?
Chapina: As normas de contabilidade internacionais precisam ser adotadas porque isso facilita a comunicação com os investidores estrangeiros, que conseguem perceber melhor a situação das empresas. Isso é uma coisa que tem tomado tempo do Sescon-SP. Ajudar esses profissionais a se atualizar nessas regras é difícil para certos escritórios de contabilidade. Tudo o que é novidade para o ser humano, por ele não conhecer, acha complicado. Depois das primeiras noções, tudo fica melhor. Recentemente, o Conselho Federal de Contabilidade criou uma comissão a pedido da Federação das Empresas de Contabilidade para criar uma comissão voltada ao estudo dos IFRS [padrão contábil internacional] para as pequenas e médias empresas. Ou seja, criar uma metodologia para simplificar. Recebemos sugestões para essa comissão.
DCI: O que pode ser simplificado na contabilidade?
Chapina: A contabilidade é uma ciência que não tem que ser simplificada. O débito e o crédito não têm como ser mais simplificados. O público está querendo, por não entender as regras, mais simplificação. Simplificar o quê? É a mesma coisa que um médico: como ele vai fazer cirurgia de coração, ou de uma especialidade qualquer, se ele não seguir um procedimento de segurança? Mas se encontrarmos um caminho que possa melhorar um pouco… O Conselho Federal de Contabilidade abriu a oportunidade de debate. Mas o que temos visto na prática: o Sescon-SP, por exemplo, fechou o seu balanço este ano já adaptado às normas internacionais da contabilidade. São pequenos os ajustes de linguagem porque a metodologia da contabilidade não muda. É reconhecimento de valor, de investimentos, como se trata o ativo, como se reconhece o valor presente, o valor de mercado de aquisição. São conceitos que o mercado mundial de contabilidade trata.
DCI: Hoje não tem inflação alta; isso deve facilitar os bancos?
Chapina: Sem dúvida. Quando a inflação era alta, a contabilidade adotou uma metodologia adequada a essa situação. Tínhamos indexadores na contabilidade, que eram obrigatórios. Com a estabilidade dos preços, a contabilidade pode se adaptar aos padrões mundiais. Qual era a divergência? A nomenclatura. Aqui você trata como ativo imobilizado, mas o mercado internacional de contabilidade reconhece como investimento operacional. O que aconteceu foi a convergência de nomenclatura e de identificação nas contas contábeis. Antes, a empresa, para vir ao Brasil e investir, precisava de um tradutor, uma empresa que fizesse a conversão do balanço brasileiro para jogar na linguagem usada lá fora. Hoje, isso acabou e o balanço no Brasil é reconhecido com a mesma nomenclatura no mundo inteiro.
DCI: Em todos os países?
Chapina: Não, a Europa está caminhando para isso. Tivemos um congresso na Europa que discutiu o mesmo tema. Ainda não chegou lá. A resistência é a mesma do Brasil. É cultural. Blocos de entendimento e não há convergência. O Brasil está avançado nessa questão. A lei de regência também, porque o sistema não tinha segurança e o Brasil é modelo no exercício da profissão, um modelo quase único. Em países de língua portuguesa, o Conselho Federal de Contabilidade está subsidiando conhecimento de cultura para montar o modelo brasileiro. Nos EUA, nos países de língua portuguesa não existe o controle da profissão, a nomenclatura com identificação e outorga e as organizações de controle da profissão não são reconhecidas como no Brasil.
DCI: É uma contradição o Brasil estar tão avançado nessa questão da escrituração digital e ao mesmo tempo ter uma carga tributária tão elevada?
Chapina: De 1940 a 1980, a era industrial, para que servia a contabilidade no Brasil a não ser para as grandes empresas, como estratégia para atender o fisco? Informalidade, venda sem nota. O fisco, com toda essa burocracia que condenamos, conseguiu via tecnologia da informação achar o caminho para a inibição da informalidade. Começou com a nota fiscal eletrônica, e com ela veio o serviço público de escrituração digital… O que acontece com tudo isso? É justo? Temos de aplaudir? Pelo lado da inteligência fiscal, sim. Pelo lado da insensibilidade do governo em dar oportunidade para pequenas e médias empresas, incentivar, reduzir o custo Brasil, reduzir o custo social, isso não acontece. A China está invadindo o Brasil porque o custo social de lá é menor. As empresas competem em condição de desigualdade no Brasil. Além do que, em função da informalidade, a legislação pelo Executivo é sempre proposta tratando o empreendedor brasileiro como desonesto até que se prove o contrário.
DCI: E cabe ao empreendedor provar que não foi sonegação?
Chapina: Provar que foi um erro de informação. Isso é um lado incoerente que os governos precisam olhar para o futuro do País. O Brasil é uma colcha de retalhos com um sistema de tributação insuportável, mas o governo conseguiu fazer disso uma padronização ISO. Tanto o grande como o pequeno e o médio têm que atender os mesmos requisitos de informação para o fisco. Pequenas e médias empresas não têm condição de atingir, vão ser multadas porque não investiram em gestão, tecnologia de informação. As grandes estão com dificuldades também.
DCI: E o que você propõe?
Chapina: Uma reforma tributária. Primeiro uma reforma política; a reforma tributária não sai porque não há interesse político. Fica-se criando uma colcha de retalhos. Plano de Brasil maior, redução do custo dos encargos sociais da folha, isso não resolve. Limitar por faturamento, as empresas com até certo faturamento podem pagar o imposto de renda de 1% ou 2%. Assim surgem os planejamentos tributários. Não é que sou contrário ao sistema de empresa Simples Nacional, sou contrário ao modelo. É complexo.
DCI: Por quê?
Chapina: Porque contrariou todo o sistema de regime de competência. A contabilidade no Brasil reconhece o período de dezembro a janeiro, então trabalhamos com as informações nesse período de competência. O Simples Nacional conseguiu quebrar esse conceito para gerar guia do mês de pagamento. Para gerar a guia de pagamento do simplificado, que é o que o empresário consegue ver, tenho que trabalhar com os 12 meses anteriores para saber se está dentro do limite permitido por lei. Em maio tenho que trabalhar com as informações de abril, março, fevereiro e janeiro de 2012, depois buscar dezembro a março de 2011 para somar e ver se não estourou o limite. Isso a cada mês. Quem arcou com o custo da transformação do sistema de controle interno que gera essa informação foi o empresário da contabilidade. Foram as empresas desenvolvedoras de softwares, que tiveram de se adaptar e os empresários tiveram de pagar. Não interessa para o contribuinte, cliente de um contador, saber qual é a dificuldade de geração. O usuário do serviço de contabilidade quer segurança. Se você pode optar pelo Simples é um problema de quem recomendou. Se a recomendação estiver errada, o prejuízo é do empresário. É complexo e muitos cometem erros. A declaração de opção é livre e de responsabilidade do contribuinte. O fisco tem cinco anos para validar se foi a opção certa. Se errou, retroage os últimos cinco anos. Por exemplo, uma empresa com serviços de profissionais de jornalismo não pode ser Simples Nacional. O que o mercado faz? Abre uma empresa de editoração gráfica ou serviços de fotografia, mas a atividade é de jornalismo. Quando a Receita Federal chegar neste contribuinte, e vai chegar, e identificar que a atividade exercida não corresponde com a atividade declarada, desenquadra. Agora, tudo é eletrônico. Aí cruza, vem uma notificação eletrônica desenquadrando. Estamos passando por uma mudança cultural que precisa chegar na cultura do governo. Ele chegou no governo para impor aos cidadãos brasileiros, como deve ser feito e como cumprir a lei complexa. Só que o governo que a pratica… estamos vendo Cachoeiras da vida todo dia. Isso é ótimo: a Polícia Federal prendendo pessoas que achávamos que nunca seriam presas. Se vai acontecer alguma coisa… Está na mídia. É uma mudança cultural e a contabilidade nesse contexto está sendo valorizada. Aqueles profissionais que não aproveitarem o momento vão desaparecer. Não tenho dúvidas disso, e essa é a função do Sescon-SP.
Fonte: DCI